terça-feira, 13 de setembro de 2016

Para Sempre Minha: Epílogo ― Inimigos à Espreita

ATENÇÃO: LEIAM AS NOTAS EM NEGRITO, POIS É NELAS QUE DOU AVISOS, EXPLICO COISAS IMPORTANTES, ETC. NÃO VOU RESPONDER A NENHUMA PERGUNTA SOBRE O QUE EU JÁ TIVER ESCRITO NELAS.
E aqui estamos, no último capítulo dessa história que marcou tanto a vida de vocês quanto a minha. Estou sentindo uma baita nostalgia, porque esse casal maravilhoso tem estado em minha vida desde 2012, quando comecei a ler a série, e em março de 2013, quando comecei a escrever a fanfic do primeiro livro.
Bom, vou deixar vocês com esse encerramento, mas ainda tem o pós escrito. E aí, vou me despedir de vocês propriamente. Boa leitura!




Todos os nossos inimigos são mortais.
― Paul Valéry

Narrado por Eva Cross

Sinto a cama se mover. Gideon está se levantando para dormir longe de mim.

De novo.

Ele tem feito muito isso ultimamente, pois tem tido pesadelos com frequência. E, por mais que eu queira que ele fique, não posso forçá-lo a fazer mais sacrifícios por mim. Já é ruim o suficiente para ele ter de ir, seria pior se eu o implorasse para ficar. Assim que ele sai do quart, fechando a porta atrás de si, abro os olhos de leve. Estou cansada, preciso dormir, ainda mais depois das horas intensas de sexo que tivemos. Mas há um peso, uma agitação interna, que não para de me incomodar. 

Daqui a algumas horas, estarei embarcando com Cary para San Diego. 

O Six Ninths fará um show na cidade. 

Ou seja: Brett vai estar lá.

Se não é o destino nos colocando juntos no lugar onde tudo começou, no mesmo fim de semana, eu não sei o que é. Sinto que esse é o momento de finalmente conversarmos e acertarmos as arestas entre nós. E, claro, de eu contar a ele pessoalmente sobre o tal vídeo. Brett precisa saber que ele existe e que Sam Yimara está tentando vendê-lo a jornalistas ou até mesmo a soltá-lo na rede ele mesmo. 

Não posso nem vou negar que Brett me afeta muito mais do que eu gostaria. Mas era impossível compará-lo ou colocá-lo no mesmo patamar de Gideon. Eu sempre sou a prioridade na vida dele, independente das circunstâncias. Ele move céus e terra por mim todos os dias e me entende em níveis que absolutamente ninguém seria capaz. Eu não quero machucá-lo deliberadamente, mas preciso ver Brett em pessoa, nem que seja pela última vez. Sinto que há algo entre nós que precisa ser resolvido, e não vou ficar em paz até descobrir o que é.

Mas preciso fazer isso sozinha.

Minha cabeça está uma bagunça. A única certeza que tenho é que nunca poderia beijar Brett novamente. Não depois de tudo o que Gideon e eu passamos para ficarmos juntos. Não depois de termos nos unido num laço tão importante e profundo como é o casamento. E, principalmente, porque eu jamais iria contra a minha alma e meu coração. Ambos pertencem a Gideon Cross, e nem meus sentimentos conturbados por Brett serão capazes de mudar isso.

...

Narrador

Ao pensar nisso, Eva não tinha ideia de que ele não só sabia do vídeo, como esperava consegui-la de volta através dele.

Brett Kline não parou de assistir às imagens que Yimara lhe entregara horas atrás. Chegara até mesmo a gozar na própria calça como um adolescente ao vê-las. Ele e Eva se encaixavam tão bem. A combinação perfeita. O clipe tinha ficado muito fiel, embora tivesse deixado as partes mais picantes de lado. Ela nunca poderia negar a química entre eles, e isso Brett pudera notar ao ver a reação dela ao vídeo de ‘Golden’. Eva ficara chocada, não chateada. Mas não era apenas aquilo. A forma como ela estremece quando tocada por ele, a forma como o olha. Está tudo ali. A atração deles é intensa e nem ela mesma pode negar. 

Pensara que, quando chegasse a Nova York, iria conseguir levá-la para cama, para lembrá-la do que quão bons eles eram juntos, porém a forma como o rechaçou, apesar do desejo, o fez recuar de seus planos. Ela não está preparada, pois ainda há um grande empecilho: Gideon Cross, dono da gravadora da qual a banda é contratada e o homem por quem Eva ainda é visivelmente apaixonada. 

No entanto, a sextape mudaria tudo, inclusive, a forma como Cross se impõe entre os dois. Além disso, ele tem um importante aliado ao seu lado: Christopher Vidal Jr., um dos executivos de sua gravadora e irmão de seu rival. Por alguma razão que Brett só pôde interpretar como inveja, Christopher não fez questão de esconder que não se importa com o irmão mais velho, e está animado com a perspectiva de usar o vídeo como parte do material de divulgação da banda. Até porque ele próprio tem muito o que ganhar com tudo isso. A fama e a popularidade do Six-Ninths após o vazamento do vídeo que inspirou o videoclipe aumentaria de forma inimaginável. Todos iriam querer Eva e Brett de volta. E ela, estando solteira e magoada, sendo pressionada pela mídia e mexida com o vídeo de sexo deles, ficaria ainda mais tentada a lhe dar uma segunda chance. Mas antes, precisa falar com ela. Mostrar a ela. Os dois precisam ver as imagens juntos, talvez marcar uma sessão de cinema para “apenas bons amigos”. Quem sabe reproduzir as imagens? Sorri ao pensar na possibilidade. 

Ele também mal pode esperar para ver como Cross irá reagir a tudo. O maldito playboy se rasgará de ódio ao amargar o sabor da derrota. Tanto por perder Eva quanto por não poder demitir nem a ele nem à banda, porque o dinheiro irá entrar e sair feito água da gravadora, e os executivos se recusarão terminantemente a perder seu artista de maior lucro. Nem Cross faria isso, porque apesar de tudo, ele não gosta de perder dinheiro. 

Brett começa a pensar no que fazer. Eva estará em San Diego pelo fim de semana também. Poderia sair com ela para um lugar público, e até mesmo dar uma dica a um paparazzo, para serem fotografados juntos. As fotos irão se espalhar rapidamente, atiçando a todos, principalmente após o recém-lançamento do clipe de ‘Golden’. 

E, longe da influência de Cross, Brett tem absoluta certeza de que conseguirá reconquistá-la.

Sim. Ele seguirá em frente com seu plano, não importa o que lhe custe. 

Eva Tramell sempre foi e sempre será sua.

Enquanto isso, uma belíssima ruiva chegava em sua casa, em um vestido verde esmeralda que se moldava perfeitamente ao seu corpo longilíneo. O sorriso em seu rosto era singelo, porém mostrava perfeitamente o quanto estava satisfeita. Havia traçado a estratégia perfeita: Dividir para conquistar.
Começar de fora para dentro.

A segunda parte de seu plano foi executada com sucesso naquela noite. Ansiava por aquilo como nunca tinha ansiado por nada na vida. Quando seu marido, que estava em um congresso de Medicina em Boston, revelou que o dia de sua viagem coincidiria com a data do evento de gala, a ruiva não se conteve. Ela finalmente conseguiu vê-la de perto. Eva Tramell, a mulher que havia roubado o coração do homem mais inacessível que já conhecera, e agora estava noiva dele, depois de apenas dois meses de namoro.
 
Dois. Malditos. Meses. 

E a odiava por isso. Odiava que aquela loura não tenha precisado se esforçar muito para capturar a atenção dele, dentre tantas outras mulheres, inclusive ela mesma, que deram tudo de si para isso. Mas, mais do que odiar Eva, ela odiava o homem que a amava. 
 
Gideon Cross.

Pensar no nome dele lhe trouxe uma raiva instantânea, que a fez bater a porta do quarto atrás de si, puxar a peruca com força, arrancando também a touca que segurava suas madeixas, que de fato eram ruivas, porém longas. Jogou o cabelo falso em um canto qualquer, rosnando de ódio. Ela não queria, mas ainda o amava com loucura. Tamanho sentimento misturado a um coração partido e à sede de vingança, pode ser muito perigoso. 

Mas Anne Lucas já estava mais do que envolta em todo esse turbilhão, e não iria parar até que conseguisse fazer um dos homens mais ricos e poderosos do mundo se prostrar a seus pés, exatamente como ele havia feito com ela.

Olhou para si mesma no espelho de corpo inteiro, para seu rosto manchado de lágrimas e maquiagem borrada, para seu vestido verde, agora amassado e para seus cabelos bagunçados. Mesmo assim, ela sorriu novamente. Dessa vez, um sorriso largo e diabólico.

Destruir a vida do homem que havia destruído seu coração, não tinha preço.

Mas mesmo assim, ela o faria pagar. Se necessário, com a própria vida.
...

Narrado por Corinne Giroux

Cansada. 

Incrédula.

Destroçada. 

É assim que me sinto desde que recebi a notícia do aborto.

O bebê pelo qual eu e meu marido tanto ansiamos. Foram anos tentando, anos pensando que nunca seria possível. E ali estava ele. A médica havia me dito que a gestação estava no quarto mês, saindo do tempo de risco, que é de três. Se não estivesse tão alterada por conta da medicação, eu teria notado os sintomas. As alterações hormonais do meu estado tinham contribuído ainda mais para o descompasso da minha estabilidade emocional.

Nem eu mesma sabia onde estava com a minha cabeça quando fiz aquilo. Lembro-me de tomar vários comprimidos, de me deitar na banheira de roupa e tudo e chorar; eu estava envolta no mais profundo desespero e só esperava que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. 

Porém antes que eu me conseguisse assimilar o que acontecer, acordei em uma cama de hospital. 

Meus pais estavam ao meu lado, o que me surpreendeu muito já que eles geralmente não davam a mínima para mim. Me senti até um tanto desconfortável diante de tanta... Atenção e carinho. Eu realmente não estava acostumada e por vezes, queria pedir para que os dois saíssem, porque simplesmente era difícil demais acreditar que eles eram capazes de abrir mão de qualquer coisa por mim. 

A única coisa que valeu a pena a presença deles, foi o fato de Elizabeth estar lá, e de saber que Gideon também esteve. Mas ele tinha ido embora antes mesmo de ver, porque Jean havia lhe agredido ao saber da morte do bebê. Fiquei morrendo de raiva daquilo e o proibi de entrar no quarto.
Na manhã seguinte à internação, soube que meu marido não tinha ido embora. Dormira na sala de espera enquanto meus pais dormiam no quarto. Meu pai bem que tentou manda-lo embora, mas não teve sucesso. Eu me senti culpada. Jean também tinha perdido um filho. Era natural que ele culpasse Gideon pela perda do bebê já que eu havia feito aquilo por não suportar a ideia de perde-lo para sempre. Por outro lado, eu jamais teria feito o que fiz se estivesse grávida. Na verdade, se eu estivesse em meu estado normal, tenho certeza de que não tentaria contra minha própria vida. 

Não havia culpados a apontar. No fim, tudo foi um incidente que terminou de forma trágica para um ser indefeso. 

Eu finalmente o deixei entrar e, pela primeira vez, eu tinha visto Jean realmente triste. Seu olhar estava carregado de uma dor que abriu as minhas comportas. Ambos nos abraçamos, chorando a nossa perda. Nem meus pais, nem Elizabeth, nem ninguém poderiam compreender a minha dor melhor do que ele. Eu não o amava e nunca o amaria, mas tínhamos recebido um presente que achamos que nunca seria possível, e o perdemos de uma forma trágica.

Duas horas depois, eu recebi alta e meus pais exigiram que eu fosse para a casa deles, para que pudessem ficar de olho em mim. Meu marido queria ficar comigo em minha casa, cuidando de mim pessoalmente, mas mais uma vez, meus pais foram contra, o apontando como culpado de tudo. A médica, vendo os ânimos se exaltarem, chamou a atenção de todos, por discutirem na minha frente, e me lembrou que eu precisava de paz. Mesmo que não me sentisse confortável para isso, decidi ir com meus pais. Eu não queria passar a impressão errada para Jean. Eliminar toda e qualquer esperança sobre algum futuro juntos é o melhor. Não quero que ele pense que voltarei para a França e esquecerei Gideon.

Isso não vai acontecer.

Antes do mundo sumir ao meu redor, ele tinha me dito que Eva e Gideon tinham ficado noivos, numa tentativa de me dissuadir dos meus planos. Naquele momento, senti como se o mundo tivesse desabado em minha cabeça. Se antes o relacionamento dos dois não passava de luxúria, agora há muito mais sentimentos em jogo. 

Agora, sentada na espreguiçadeira na varanda de meu antigo quarto, na casa dos meus pais, olho para a caixa em meu coloco, com as dezenas de fotos minhas e de Gideon juntos, em nosso tempo de namoro e noivado. Momentos que estão eternizados na minha mente. Cada imagem conta uma história, e eu as sei de cor. Foi remexendo essas memórias que entendi o que preciso fazer: lembrá-lo de como éramos bons juntos. Lembrá-lo do quanto é bom me amar. Mostrar que o ele diz sentir por Eva é algo passageiro. 

E tenho que fazer isso antes que ele se case com ela. 

Levanto meu rosto, fecho os olhos e me concentro em sentir a brisa doce da tarde batendo em minha pele. 

Em breve, Gideon estará aqui comigo, envolvendo seus braços fortes ao redor do meu corpo, para deleitarmos juntos a mesma brisa

Ou eu não me chamo Corinne.
...
Narrador

Ele sorri, com satisfação, ao ver sua bela esposa andar em sua direção com duas taças de vinho. O gingado de seus quadris o deixa louco; principalmente quando estão adornados pela tentadora camisola preta que ele tanto adora. 

Com um sorriso sedutor nos lábios, elegante mulher estende-lhe a taça. “Acho que o momento pede um brinde e uma noite especial, não acha?”

“Com certeza, meu amor”, ele pega a taça antes de segurar a mão estendida da esposa, plantando um beijo molhado, que fez cada parte do corpo feminino se arrepiar.

Em seguida, ela se senta em seu colo, e ele rodeia seus braços ao redor da cintura fina.

“A quê brindaremos?” ela pergunta, dando um beijo igualmente molhado no pescoço masculino.

“A Eva Tramell”.

Intrigada, a esposa se ergue para encarar o marido. “E porque a ela?”

Achando divertido o leve tom ciumento da esposa, ele levanta as duas sobrancelhas. “Porque sem ela, não haveria uma vingança satisfatória. Agora há”.

Entendendo o que o marido quer dizer, a mulher volta a sorrir abertamente. “Você está certo. Então, brindemos à Eva”.

Com todos os demais cômodos mergulhados no silêncio, o tilintar das taças batendo uma na outra ecoam pela mansão dos Landon, 

Uma das famílias que foram atingidas pelo esquema corrupto de Geoffrey Cross.

E que fará de tudo para se vingar do único membro que carrega aquele maldito sobrenome.


E então? Gostaram? Ainda temos o pós escrito! Cliquem aqui para ver! E não se esqueçam de deixar seus comentários :)

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