Oi gente! Desculpe o atraso em postar o Outtake. Minha vida tá uma bagunça com essa chegada de férias. Mal tive tempo de sentar e olhar para o computador. Tinha muita coisa para resolver antes de ir para a casa do meu pai, onde eu tinha mais coisas para organizar antes de, finalmente, viajar para a casa da minha mãe, onde vou passar as férias. Desculpem mesmo. Eu não esperava por essa. Nem no Facebook consegui entrar. Enfim, aqui está. Espero que gostem! Boa leitura!
A verdade de outra
pessoa não está no que ela te revela, mas naquilo que não pode
revelar-te. Portanto, se quiseres compreendê-la, não escute o que ela
diz, mas antes, o que ela não diz.
— Khalil Gibran
Narrado por Christopher Vidal Sênior
Elizabeth estava
enlouquecendo com o anúncio do noivado de Gideon e Eva. Primeiro, porque
odiava ter sido informada da situação pelos tabloides. Segundo, porque,
ela ainda alimentava a esperança de ter Corinne como nora. E, terceiro,
mas não menos importante, porque, após o confronto entre as duas no
Manhattan Club, a filha de Monica Stanton passou de uma garota adorável,
bem nascida e linda, para uma víbora que só queria tirar vantagem de
seu único filho.
Eu não poderia achar
que Eva Tramell fosse algo do gênero, mas não disse isso em voz alta.
Ela é herdeira de uma das famílias mais tradicionais da high society de
Nova York, e ainda tem como padrasto ninguém menos do que Richard
Stanton, um dos homens mais ricos e respeitados deste país. Tudo o que
ele tocava virava ouro, e sua integridade e transparência no trabalho
eram de encher os olhos e os bolsos de quem apostasse suas fichas nele.
No fundo, eu sabia
que Elizabeth não tinha raiva de Eva exatamente por isso. Ela conhecia
Monica, conhecia a família Tramell e ainda havia feito uma minuciosa
pesquisa sobre eles quando Eva surgiu afinal ela não era uma figurinha
carimbada na imprensa como sua mãe e avó. Pelo menos não até que começou
a namorar Gideon.
A questão é que Eva
sabia da infância complicada de Gideon, que fizemos questão de esconder
de todos. A última coisa que precisávamos era da imprensa
sensacionalista explorando esta história até que não sobrasse mais nada.
Já bastava o que eles haviam sofrido na época em que descobriram o
esquema sujo de Geoffrey e, na sequência, seu suicídio. E Elizabeth não
gostou nada do tom que Eva utilizou, deixando claro que o fato de Gideon
ser traumatizado e torturado como é hoje era culpa dela. Minha esposa é
uma mãe dedicada e exemplar e sempre fez de tudo para manter a família
unida; ela vive para isso.
"Aquela jovem petulante e atrevida", resmungara ela.
E agora, saber que Eva estava prestes a se tornar a próxima senhora Cross da linhagem estava lhe enlouquecendo.
Eu me lembro do quão
arrasada Elizabeth ficara após a primeira visita que fez ao escritório
de Gideon. Ela mal falara durante a semana, apesar de sempre manter o
sorriso no rosto. Parecia tensa, como se houvesse algo muito pesado em
suas costas. Tentei conversar e ela ate se abriu. Contudo, eu sempre
tinha uma vaga impressão de que havia coisas que não estavam sendo
ditas.
Eu não sabia o quão
eu poderia estar certo até estar ali, no escritório de Gideon, para
conversar com ele eu mesmo, após a segunda visita que sua mãe lhe
fizera, e que fora tão ou mais hostil do que a outra.
A intenção dela era
confrontá-lo sobre o noivado com Eva, tiro esse que saiu pela culatra
como eu previra. Ele era adulto e tinha total direito de escolher quem
quisesse. Esse tipo de atitude só iria afastá-lo de nós ainda mais, mas
ela parecia não se importar com isso, alegando que tinha o direito de se
meter por ser mãe dele. Não questionei nem me intrometi, mas também não
concordei.
Eu queria fazer algo
para tentar amenizar a situação. Ele e Ireland estavam se reaproximando e
ela estava tão animada. Não queria que esse frágil fio se rompesse. Era
uma chance única de tê-lo de volta, ou ao menos tentar. Desta vez, eu
lutaria o quanto eu pudesse para reunir minha família.
Andando pelo prédio,
vendo o quão imponente e luxuoso ele era tanto por dentro quanto por
fora, me tornei brevemente consciente do quão rico e poderoso é o homem a
quem tentei criar como um filho. Por seus próprios meios e esforços,
ele conseguiu se tornar um dos empresários mais influentes e brilhantes
do mundo, conseguindo respeito até mesmo de veteranos, considerando que
alcançou tanta coisa com tão pouca idade. Eu havia tido essa mesma
sensação quando ele, após se consolidar na carreira, há exatos quatro
anos, comprou a maior parte das ações da Vidal Records e salvou nossa
família da falência.
Christopher ficou irado ao saber da notícia.
"Eu não admito que ele tome conta do que é nosso", meu filho biológico bateu socou a mesa com raiva, assustando a mim. "A
Vidal Records é nossa herança, pai! Minha e da Ireland! Ele
monopolizava toda a atenção quando era criança, e está fazendo isso de
novo, querendo se exibir!"
"Chega, Christopher", eu disse baixinho. "Já está feito, e você devia ser grato ao Gideon por isso. Ele fez isso por todos nós".
"Porra nenhuma!" se exaltou mais uma vez. "Ele queria era esfregar na minha cara que é o todo poderoso que pode controlar tudo a sua volta. Aquele filho de uma...".
"CALA A BOCA, CHRISTOPHER! CALA ESSA BOCA AGORA!",
berrei enquanto me levantava de supetão. Meu filho arregalou os olhos,
completamente assustado com minha atitude. Eu nunca havia levantado a
voz para ele antes. "Agora, escute muito bem o que vou te dizer", falei entre dentes. Eu estava cansado daquela conversa e de seus ataques patéticos de ciúmes. "Seu
irmão salvou a todos nós da ruína. Não iria existir uma herança pela
qual brigar. Nem dinheiro para bancar suas noitadas em festas e motéis
com as vagabundas com quem você dorme, ou para bancar sua vida cheia de
privilégios. Você seria pobre. Nós estaríamos pobres se Gideon não
tivesse intercedido. Ele sim sabe o que é perder tudo, ao contrário de
você que só sabe esbanjar, apesar de ralar bastante aqui dentro".
Seus olhos se iluminaram de raiva e quando ele ia abrir a boca para retrucar, o cortei novamente. "Agora,
não estou mais falando mais como seu pai, mas sim como seu chefe. Não
quero mais ouvir você reclamar dessa merda outra vez. Nem comigo ou com
os executivos, que estão todos do lado dele e não estão gostando nada de
suas atitudes. Não arruíne o que conquistamos, ou você está fora,
entendido?"
Ele me olhava
ensandecido de raiva e respirava com dificuldade. Eu sabia que tinha
sido muito duro com ele, mas não tive escolha. Não poderia passar mais a
mão em sua cabeça, e sua atitude hostil diante da compra das ações
estava causando uma enorme insatisfação nos demais acionistas. Ter
Gideon no comando era uma grande jogada. Ele exalava confiança e
transparência. Ele conseguiu limpar o sobrenome Cross com louvor e
colhia os frutos disso. Era só ver a forma reverente como até mesmo os
mais experientes o olhavam. Eu não arriscaria isso por um chilique
infantil.
"Entendido?" perguntei incisivo.
"Sim", sussurrou com a voz falha. Então pigarreou e continuou mais firme. "Entendido. Não se preocupe. Não vou criar atrito ou resistência. Não aqui, não na frente deles. Isso eu posso garantir". Então se virou e saiu pela porta, batendo-a com violência atrás de si.
Nossa relação ficou
estremecida depois desse dia, mas voltamos a nos falar. Sei que ele
ainda odeia o fato de Gideon mandar na gravadora e deixa isso claro
sempre que possível quando discutimos em casa, mas não adiantaria
espernear.
Estava cruzando o
corredor quando dei de cara com a noiva de meu enteado, o que me fez
emergir dos meus pensamentos. Ela é realmente uma bela mulher, e dava
para entender o porquê de Gideon ter ficado tão encantado por ela.
Corinne também é deslumbrante. De um refinamento aristocrático e de uma
gentileza impossíveis de se por em palavras. Mas faltava algo nela. Algo
que Eva tinha de sobra e, somente agora, olhando para ela, eu era capaz
de enxergar essa diferença. Seus cabelos loiros reluziam como uma
aureola de graça em volta de seu rosto de beleza clássica, tão parecido
com o de sua mãe. A delicadeza de seus traços contrastava fortemente com
seu corpo pequeno e curvilíneo, mas não menos poderoso. Ela tinha uma
presença forte e intensa, que ficava ainda maior com aquele brilho
audacioso e alegre em seus olhos verde-acinzentados. Eles pareciam
conter um segredo que ela jamais revelaria, mas que você ficaria louco
para descobrir e faria de tudo para isso. Corinne é muito mais alta e
esguia, e tem o poder de chamar a atenção de qualquer um por onde passa,
porque não havia como não prestar atenção à sua beleza. Mas era só
isso. Ela ficaria completamente apagada diante de Eva, mesmo aos olhos
de um homem que só reparasse no exterior.
Eu a cumprimentei e
recebi dela a mesma gentileza. Então me dei conta de que estava diante
da única pessoa que tinha o poder de fazer Gideon mudar de ideia. Eu
precisava aproveitar isso, então a convidei para conversar, no que ela
aceitou de pronto.
Scott apareceu
avisando que Gideon demoraria mais quinze minutos na reunião e,
educadamente, nos ofereceu algo par beber. Recusei e apenas pedi para
por uma sala que pudéssemos usar. Ele prontamente atendeu e, após se
voltar para Eva, que também recusou algo para beber, nos conduziu para
uma sala de reuniões vazia, onde pudemos ficar mais a vontade.
"Se precisarem de alguma coisa, é só discar que eu providencio. Tem café ali, e água também", disse.
Balancei a cabeça. "Obrigado, Scott".
Ele acenou com a cabeça, pediu licença e saiu.
Fiz um gesto para que
Eva se sentasse e me acomodei na cadeira ao seu lado, para que eu
pudesse encará-la. "Em primeiro lugar, parabéns pelo noivado", sorri.
Eu precisava ser diplomático. "Ireland sempre fala muito bem de você, e
sua ajuda foi fundamental para que ela e Gideon se aproximassem. Não
tenho palavras para agradecer por isso", e, mesmo com a intenção de
tentar criar um clima mais amigável para depois pedir ajuda, eu estava
sendo absolutamente sincero. Ireland simplesmente adora Eva.
"Não foi nada, mas agradeço a lembrança", respondeu educadamente.
Antes que eu pudesse
evitar, peguei sua mão esquerda e acariciei o belíssimo anel de noivado
que a adornava. Uma joia de família, linda, delicada e imponente. Uma
joia que não me era estranha. Uma joia que eu odiava. Tanto que fui
incapaz de evitar que minha boca se curvasse em uma expressão de puro
desgosto. Às vezes eu sentia que Geoffrey nunca tinha ido embora
completamente. Seu fantasma parecia pairar em meu casamento de tempos em
tempos. A prova disso foram os momentos em que peguei Elizabeth olhando
de forma contemplativa para aquele anel. No fundo, eu sabia que ela
ainda sentia algo pelo homem que a colocou no inferno anos atrás. Mas eu
escolhi ignorar esse fato por amor a ela.
Eu estava vivo. Eu estava presente. Eu cuidaria dela.
"É uma linda
aliança", eu disse por fim, sentindo um gosto amargo na boca. "Com
certeza dar a você foi um gesto que significou muito para Gideon". Ela
apenas me olhou um pouco desconcertada, sem saber o que dizer.
Aproveitei
seu silêncio e prossegui, desviando um pouco a conversa, mas
abandonando-a completamente. "Elizabeth não digeriu bem a notícia",
soltei sua mão. "Uma mãe deve sentir muitas emoções conflitantes quando
seu primeiro filho decide se casar. A minha costumava dizer que um
filho só é um filho até o casamento – depois vira um marido –, mas uma
filha continua sendo uma filha para sempre".
Eu pensei bem no que
dizer para amenizar o clima péssimo que se estabeleceu entre as duas.
Elas seriam nora e sogra, afinal. E ter as duas se dando bem, ou ao
menos se encarando sem quererem matar uma a outra, seria um passo
importante para que Gideon desfizesse de vez a resistência que criou em
torno de si contra nós. É claro que Eva não compraria minhas desculpas
esfarrapadas. Ela é inteligente demais para isso. Mas eu precisava tentar.
Ela estreitou os
olhos e se inclinou para frente, dizendo bem baixo. "Vamos ser sinceros.
Sua mulher não teve essa reação quando Gideon ficou noivo de Corinne".
Sorri sem graça pela sua perspicácia, mas não iria
desistir. "Acho que foi diferente porque Gideon estava com Corinne fazia
um tempo, e nós a conhecíamos bem. O relacionamento de vocês é bem
novo, por isso o estranhamento. Não é nada pessoal, Eva".
Ela se inclinou ainda
mais, e seus olhos transbordaram de fúria. Se eu sabia algo sobre
mulheres como Eva, é que elas odiavam ser feitas de idiotas. E, querendo
ou não, era exatamente isso que eu estava fazendo. Me preparei para
ouvir um 'vai se foder', mas o que saiu de sua boca me pegou
completamente de surpresa.
"É tudo muito
pessoal, sr. Vidal. Elizabeth se sente ameaçada porque não vou mais
aceitar essa palhaçada. Vocês dois devem um pedido de desculpas a
Gideon, e ela precisa admitir o abuso que foi cometido contra ele. Vou
continuar pressionando até que tome essa atitude. Pode contar com isso".
Abuso?
Meu corpo ficou tenso imediatamente ao ouvir aquilo. "Do que está falando?"
Ela soltou uma risada cínica e soltou um 'serio mesmo?' e não disse mais nada.
"Elizabeth jamais
cometeria abuso contra os filhos", eu disse muito sério. Aquele tipo de
acusação era gravíssimo. Agora posso entender a raiva de minha esposa.
"Ela é uma ótima mãe, muito dedicada".
Eva piscou várias
vezes e me olhou como se eu tivesse acabo de falar que a terra era
plana. Furioso com sua falta de palavras e com suas acusações baseadas
em sabe Deus o quê, exigi que ela começasse a se explicar.
Ela se recostou em
sua cadeira, ainda me encarando e não dizendo uma palavra sequer.
Aquilo me irritou profundamente e acabei me exaltando, me inclinando
para frente exatamente como ela fizera minutos antes. "Pode começar a
falar. Agora".
Sua voz saiu baixa e
trêmula, como se não tivesse certeza do que estava dizendo. Mas eu tinha
certeza absoluta do que saiu de sua boca. "Gideon foi estuprado. Pelo
terapeuta".
O tempo ficou
suspenso naquele instante. Tudo ao meu redor sumiu. Mas as palavras
foram gravadas a ferro e fogo em meus ouvidos. Meu enteado foi
estuprado. Ele foi abusado pelo terapeuta. Hugh. O homem que o tratava.
Eu sabia que deveria dizer ao sobre isso, mas o torpor paralisante que
tomou conta do meu corpo não me deixava me mover, nem mesmo respirar,
quanto mais falar. Eu estava impotente diante daquela acusação.
"Gideon contou para
Elizabeth, mas ela não acreditou. Sabia que era verdade, mas se recusou a
aceitar, por algum motivo bizarro", suas palavras cortaram o silêncio
que permeava a sala. E me fizeram despertar e endireitar meu corpo no
mesmo instante.
Sua acusação era
inconcebível para mim. Não fazia o menor sentido. E eu não iria
acreditar nisso. Eva não poderia ser tão mau caráter a ponto de inventar
algo assim. Balancei a cabeça com veemência e disse um sonoro não.
Elizabeth não faria isso. Ela é uma mãe maravilhosa. Ela não faria isso.
Eva praticamente
pulou da cadeira, e se colocou de pé. Parecia uma leoa pronta para
defender sua cria ao primeiro sinal de perigo. Eu nunca a tinha visto
alterada daquela forma."Você também vai negar?" sua voz estava carregada
de fúria mal contida. "Quem ia mentir sobre uma coisa dessas? Tem
ideia de como foi difícil para ele admitir o que estava acontecendo? O
quanto ficou confuso com o fato de um homem em quem confiava ter feito
esse tipo de coisa com ele? "Continuei a encará-la, incrédulo, me
recusando a acreditar naquilo. Não. Aquilo não podia ser verdade.
"Elizabeth jamais ia ignorar... uma coisa como essa. Tem algum mal-entendido aqui. Você está fazendo confusão".
Sim. Eva estava se
confundindo. Talvez Gideon tenha lhe contado sobre o episódio em que
mentiu para Elizabeth, dizendo que Hugh o estava agredindo fisicamente.
Mas não era nada daquilo. Ele mencionou tapas e beliscões, mas nada foi
encontrado pelos médicos. Isso! Só podia ser isso. E ela entendeu como
um abuso. Só podia ser isso. Tinha que ser isso. Não havia outra
explicação plausível.
Eu sentia que minhas
pupilas estavam dilatadas e minha boca estava seca. Porque, no fundo, eu
estava com medo de que o enganado fosse eu. Porque a declaração de Eva
clareava todos os pontos que estavam nublados para mim, pontos esses que
passei anos tentando entender, mas não consegui. Pensei em várias
possibilidades e nenhuma delas fazia sentido. Mas essa, a pior de todas – a que eu jamais poderia sequer supor – colocou luz a toda a
obscuridade. E isso me aterrorizava, ainda mais quando me vi implorando
que Eva estivesse errada.
"Ela deixou rolar. Foi isso. Quando a coisa veio à tona, não ficou ao lado do filho", disse parecendo bem convicta do que dizia.
"Você não sabe o que
está falando", continuei me negando a acreditar. Ela segurou firmemente a
alça de sua bolsa e a jogou sobre o ombro, em seguida, se inclinou para
frente e me encarou nos olhos. A sinceridade transbordava deles. Ela
não estava mentindo. Uma mulher tão transparente e aberta com seus
sentimentos não conseguiria fingir assim, e aquilo me matou por dentro.
"Gideon foi
estuprado. Algum dia, você e sua mulher vão ficar cara a cara com ele,
como estamos agora, e admitir isso. E vão pedir desculpas por todos os
anos que ele foi obrigado a suportar essa barra sozinho".
Antes que eu pudesse
sequer processar suas palavras, uma voz grave retumbou como um trovão
sobre o cômodo quase vazio, sobressaltando tanto a mim quanto à jovem
determinada à minha frente.
"Eva".
Imediatamente meus
olhos pousaram sobre a figura alta de Gideon.
Sua postura tensa e sua
testa vincada em uma carranca aterrorizante, que me lembrou do garoto
rebelde de anos atrás. O menino que assumiu a culpa de um homem em suas
costas e sofreu muito por isso. O menino que, sozinho, teve que
encontrar seu caminho, mesmo que eu tivesse feito de tudo para ajudá-lo a
passar por ele. Era ele quem me olhava agora, e a verdade estava ali.
Eu a via ali, bem estampada, mas ainda sim, tive forças para perguntar.
"Gideon, o que está acontecendo? O que ela está dizendo?"
A forma como ele
reagiu apenas confirmou o que seus olhos me disseram e senti meu coração
se quebrar, não como no dia em que Gideon foi embora de casa. Ele havia
se partido ao meio e se despedaçado em milhares de pedaços.
Minha nossa.
<<<>>>
Não sei exatamente como cheguei em casa.
Desde que saí do
Crossfire, as coisas, as pessoas, os lugares, tudo passou por mim como
um enorme borrão. Apenas as palavras de Eva ocupam a minha mente,
girando como um tornado, me deixando tonto, enjoado, doente. Não posso
acreditar no que acabo de saber. Queria muito que tudo fosse um grande
mal entendido, que fosse apenas uma sinistra brincadeira de mau gosto.
Mas foi só olhar para a face sombria e torturada de meu enteado, que
tive a certeza que tanto temi.
Ele saiu da sala puxando
Eva com violência, dando passadas rápidas. Meu corpo ainda pesava, como
se eu tivesse recebido a tarefa de sustentar os céus sobre meus ombros.
Quando, finalmente, consegui sair de meu estado de torpor e corri atrás
dos dois, gritando o nome de Gideon, eles já estavam dentro do elevador
e as portas, se fechando. Ainda desci e tentei alcançá-lo na portaria,
mas não havia sinal de seu carro nem de Angus.
Seu rosto furioso não estava mais à vista, mas eu já não de nenhuma outra confirmação.
Gideon sempre foi como
uma águia solitária. Na medida em que foi se tornando um adulto, ele
construiu uma grande muralha ao redor de si, agindo de forma fria,
calculada e distante, nunca deixando transparecer nenhuma emoção e isso
sempre me assustou. Eu pensava que era apenas sua forma de mostrar que
não se sentia parte da família que estávamos construindo. E fiz meu
melhor para que ele sentisse o contrário. O fato de não ter o meu sangue
correndo em suas veias, não significava que eu o trataria diferente de
meus outros filhos.
Nossa relação nunca foi
hostil, mas havia uma resistência por parte dele em me aceitar, afinal
eu era um estranho que estava ocupando um lugar que sempre fora de seu
pai, como marido de sua mãe e chefe da família. Meu coração doía por
vê-lo sofrer tanto sendo ainda tão novo. Ele era pequeno de mais para
carregar tanto peso em suas costas.
Geoffrey destruiu muitas
vidas, dentre elas as de Elizabeth e de Gideon, que tiveram que
suportar as consequências dos erros dele quando se matou, mostrando
assim o perfeito covarde que era.
E espero, sinceramente, que ele esteja queimando no inferno por isso.
Agora, descubro que os
danos psicológicos de Gideon são maiores do que eu poderia supor. Não
foram apenas a ausência de seu pai e as reações desmedidas de pessoas
que foram afetadas por algo que não foi sua culpa que o marcaram. A
pessoa que deveria ajudá-lo a lidar com seus traumas emocionais, estava
os piorando, e adicionando torturas físicas à lista. Maldito Hugh!
Uma criança jamais
deveria passar por isso. Eu vi casos e casos na TV e sentia uma imensa
revolta pelos agressores e pena das vítimas, sem jamais imaginar que
havia uma na minha própria casa. Meu Deus, se eu ao menos suspeitasse!
Como não percebi o que estava acontecendo?
E como Elizabeth pôde
esconder isso de mim? Pior, como teve coragem de mentir para mim? Ela
sempre se sentia grata pelas minhas tentativas de me aproximar de
Gideon. Expressava constantemente, na privacidade de nossa suíte, suas
angústias e preocupações com a saúde mental dele. Vivia dizendo o quanto
se arrependia por ter se casado com Geoffrey e confiado em seu
julgamento. Eu a consolava, dizendo que seu trabalho como mãe era
incrível dada às circunstâncias, e que ela não deveria se culpar. E que
eu estaria sempre ao lado dela e de Gideon, que eu cuidaria deles.
Mas ela simplesmente não confiou em mim.
Pior, ocultou algo muito
grave e igualou o episódio a uma de suas muitas crises de raiva. E eu
acreditei por que isso não era raro de acontecer. Estávamos enfrentando o
mesmo problema com Christopher, que passou a imitar o irmão a fim de
chamar nossa atenção. E isso tudo somado à depressão de Elizabeth e a
gravidez de risco de Ireland foram o estopim para chamarmos ajuda.
Talvez, se tivéssemos
feito isso antes, não teria chegado ao ponto que chegou e reconheço
isso. Talvez pudéssemos ter recorrido a outro profissional, um
profissional de verdade. Poderíamos ter evitado o... Gideon poderia ter
sofrido menos.
Muito menos.
Quando a situação com
Hugh explodiu, Gideon tinha por volta de doze anos. Eu estava viajando a
trabalho. Toda a vez que eu ligava, Elizabeth dizia que ele estava bem
apesar de seu jeito quieto e fechado. Raramente dava crises, mas eram
contornáveis, muito mais do que no começo. Quando voltei, ela me contou
de sua última crise: disse que Hugh o estava agredindo, dando tapas e
beliscões. Não havia marcas em seu corpo que indicassem isso, é claro,
mas como uma mãe preocupada e que põe os filhos em primeiro lugar,
Elizabeth o havia levado em dois médicos para ter certeza. Nenhum deles
detectou nenhum sinal de agressão e encaramos isso como um novo viés de
suas crises.
Todas as vezes que Hugh
chegava, Gideon mudava sua postura, ficando ainda mais rígido e
retraído. Pensamos que ele se sentia envergonhado pelas mentiras que
contou sobre seu terapeuta, que não se importou com isso e encarou tudo
de forma profissional.
Profissional não chega perto do que aquele depravado realmente era.
Após as sessões, Gideon
simplesmente se trancava no quarto. Não descia para comer conosco,
sequer nos olhava na cara. E, novamente, vimos isso como um sinal de
vergonha. Na verdade, eu via tudo a partir da perspectiva da história
que Elizabeth me contou. No entanto, após saber o que realmente
aconteceu, essas e muitas atitudes fizeram sentido, como sua saída de
casa.
Eu ainda lembro claramente do dia em que ele nos deixou, de cada detalhe, como se tivesse acontecido ontem.
FLASHBACK
"Gideon, por favor,
não faça isso. Esta é sua casa, meu filho. Seu lugar é conosco",
Elizabeth implorava com a voz embargada e os olhos banhados de lágrimas,
numa vã tentativa de convencê-lo a ficar.
Eu só tinha visto
minha esposa desesperada assim duas vezes. Quando nos conhecemos, na
época em que ela estava à beira da falência por ter perdido quase todos
os seus bens graças ao esquema corrupto de Geoffrey, e ao ver
Christopher agir da mesma forma agressiva que seu irmão mais velho. E lá
estava ela novamente, pronta para implorar para que seu filho não fosse
embora, para que ela não perdesse a única coisa de boa de seu antigo
casamento. O filho que mais se parecia com ela, mas que também herdara
as feições angulosas e masculinas de seu pai.
Gideon estava envolto
em uma muralha de gelo, grossa e intransponível, não se dignando nem
mesmo a olhar para sua mãe. Ele havia crescido muito com o passar dos
anos e estava mais alto do que eu. Seus cabelos lisos e pretos, que
Elizabeth fazia questão de deixar aparados, estavam quase passando de
sua nuca. Seu rosto, que sempre teve um ar austero na infância, parecia
ainda mais adulto agora, mais sério. Ele estava longe de aparentar ser
um garoto de dezoito anos.
Ela tentava agarrar
seus longos braços, mas ele a rechaçava suavemente, ignorando seus
apelos com um silêncio tão ensurdecedor quanto os gemidos de agonia de
sua mãe.
Christopher estava
sentado em frente à televisão, parecendo nem mesmo se dar conta de que
seu irmão estava indo embora. Seus olhos estavam vidrados no que quer
que estivesse passando. Ele parecia calmo e até um pouco risonho. O que
era estranho considerando que seu rosto estava sempre amarrado em uma
careta raivosa.
Voltei meus olhos
para Gideon que, ainda em silêncio, carregando uma mala de mão e uma
grande mochila de viagem nas costas, se dirigia para a porta da frente
de forma resoluta. Eu sabia que ele não iria mudar de ideia. Ele era
independente e indomável. Elizabeth não teria a menor chance.
Ele tocou a maçaneta
quando ela tentou mais uma vez, mas a segurei pelos ombros e apenas
balancei a cabeça. Eu entendia a necessidade que Gideon tinha de ter um
espaço para si, de construir sua própria vida. Ele era um homem, afinal.
O que eu não entendia era a animosidade que exalava de cada um de seus
poros e se dirigiam diretamente para sua mãe.
Apesar de que a
relação de Gideon conosco só piorou com o passar do tempo. A única que
não foi alvo de sua indiferença foi Ireland. Ela adorava ficar em seu
colo e era a única que podia tocá-lo. Sempre que eu tentava, ele se
desviava rapidamente e me olhava com raiva. Talvez ele achasse que eu
estava tentando ocupar o lugar de seu pai. Ou ainda se sentisse de fora
da família, embora sempre tentássemos incluí-lo.
No fim, de nada adiantou.
Ele saiu pela porta, e
caminhou pelo jardim, enquanto nós o seguíamos numa distância segura. O
corpo de minha esposa tremia em meus braços, e eu sabia que teria que
passar dias consolando-a. Eu conhecia aqueles sintomas. Ela se quebraria
novamente, como se quebrou quando Geoffrey se matou, quando ela estava
prestes a perder tudo, quando Gideon começou a ser hostilizado tanto por
colegas de classe quanto por alguns professores e funcionários da
escola onde estudava. Todos, vítimas ou parentes ou conhecidos de
vítimas do esquema sujo de seu pai.
"Gideon...", ela chamou num fio de voz.
Ele se virou abruptamente e nos encarou. Havia tanto rancor em seu olhar que fez meu estômago dar voltas.
"Eu não tenho razão
alguma para ficar", disse sem emoção. "Eu odeio esse lugar, odeio meu
pai pelo que fez comigo, e odeio ainda mais esta família que não é
minha. Eu achava que podia ser diferente. Amar é proteger e ajudar. Amar
é acreditar", ele enfatizou bem a palavra 'acreditar' e franzi o cenho,
confuso. "Eu não tenho nada disso aqui. Não mais. Nunca tive nada a ver
com esta casa ou com esta família. Vocês são os Vidal e eu sou Cross, e
isso é tão claro para mim como nunca. Não me procurem, não cheguem
perto de mim. Nunca mais".
Ele voltou a fazer
seu caminho, sem olhar para trás. Quando não era mais possível ver sua
figura magra, mas imponente, Elizabeth desmoronou e eu soltei a
respiração que não tinha me dado conta de que segurava. Eu sabia que
lago havia se quebrado dentro de mim ao ouvir o ódio em sua voz. Senti a
imensa dor em meu peito e percebi que fora meu coração.
Eu havia acabo de perder um filho, e nada poderia ser pior que aquilo.
FIM DO FLASHBACK
Agora eu sei que há algo
pior. A dor de saber que seu filho fora machucado física e
emocionalmente por um lunático desgraçado, sem poder fazer nada a
respeito.
Eu falhei.
Falhei ao não dar a
Gideon a devida atenção, achando que dar-lhe tempo e espaço seria
suficiente. Falhei ao simplesmente aceitar as explicações de Elizabeth,
sem buscar a fundo o que realmente havia acontecido. Falhei ao ignorar
os sinais que agora me parecem tão óbvios que me levam a me perguntar
como pude ter sido tão cego. Eu falhei quando o deixei sozinho com
aquele monstro pervertido, completamente vulnerável.
"Ele vai se sentir menos oprimido sem a sua presença", dizia o desgraçado. "Ele
precisa de alguém em quem confiar; alguém com quem ele se sinta a
vontade em compartilhar seus sentimentos. Dê-lhe um tempo. Ele vai se
acostumar. Da minha parte, farei tudo o que eu puder para ajudá-lo".
Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo.
Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo.
Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo.
Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo.
Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo.
Miserável. Doente. Demônio.
Sua voz cínica ecoa em
meus ouvidos e o quarto começa a ficar pequeno demais para mim. As
paredes parecem estar se fechando e uma sensação claustrofóbica me
sufoca. Meu estômago se embrulha ao constatar que esta casa, que deveria
ser um lar, é na verdade a cena de um crime hediondo e imperdoável.
Aquele monstro matou a infância do homem a quem considero um filho,
matou suas esperanças, seus sonhos.
Uma criança sempre deve ser amada e protegida.
Ele tinha que ter sido amado.
Ele tinha que ter sido protegido.
Um grito longo e gutural
escapa dos meus lábios. Imagens muito gráficas de um menino assustado e
subjugado por um adulto invadem minha mente. Fico louco e cego de ódio.
Meu corpo começa a tremer tamanha a força da minha raiva e da minha
dor. Começo a arfar alto, sentindo meus pulmões queimando tanto, como se
estivessem sendo consumidos por fogo.
Preciso liberar isso de mim...
Agora...
Preciso...
Sem que eu possa me
conter, minhas mãos derrubam tudo sobre a penteadeira de Elizabeth. Suas
maquiagens, seus perfumes. Sua forma de mascarar seu verdadeiro eu. Sua
fantasia de mulher perfeita e feliz. Isso é tudo o que lhe importa.
Como alguém pode não acreditar no próprio filho? Como alguém pode
ignorar o sangue do seu sangue apenas para não ter que enfrentar o
problema? Quem é essa mulher com quem me casei?
Continuo caminhando pelo
cômodo, derrubando tudo o que vejo, e o barulho de milhares de coisas
se partindo, caindo aos pedaços, exatamente como estou agora.
Merda!
Eu poderia tê-lo ajudado. Eu poderia ter evitado tudo se soubesse!
Porcaria!
Ele passou anos sofrendo esses abusos em silêncio porque ninguém acreditou nele. Nem a própria mãe!
Porra!
Minha mulher sabia de tudo e não me disse nada!
Inferno!
Não consigo ouvir mais
nada. Somente o rugido inumano que sai do fundo de minha garganta
ladeada pela força da minha fúria, que está transformando nosso quarto
em um campo de guerra.
Por fim, desabo no chão,
e deixo o nó em meu peito se desprender, liberando o choro desesperador
que fora crescendo em mim junto com a raiva. Soluços altos e
incontroláveis. Encolho-me em posição fetal sobre o piso acarpetado e
deixo todas as emoções fluírem.
Choro por todos os
pedidos de ajuda de Gideon que ignoramos. Choro por ter trazido Hugh
para a vida dele. Referências impecáveis não são suficientes para
apontar o caráter de alguém. Choro por tudo o que ele teve que sofrer
nas mãos daquele monstro. Mas choro, principalmente, por saber que minha
esposa é tão mentirosa e manipuladora quanto seu antigo marido. Ela fez
a história parecer menor do que realmente era e eu simplesmente
acreditei em sua palavra.
A pergunta é: por quê? Porque mentir para mim daquela forma?
Uma parte de mim
suspeita de uma razão, uma razão ridícula e fútil, mas a mais plausível
dentre as tantas outras que eu me forço a pensar. E, novamente, me pego
rezando para estar errado.
Não sei quanto tempo
fico aqui, prostrado, com lágrimas rolando pelo meu rosto sem que eu
possa impedir. Elas saem com facilidade e sem permissão, mas não tenho
mais forças para nada. Estou me sentindo exaurido, esgotado. Destruído.
Não consigo nem mesmo me levantar para me livrar do estado lamentável no
qual me encontro. Estou ciente de que meus filhos estarão em casa em
breve. Sei que meus empregados devem estar se perguntando como estou. E
Elizabeth... Apenas pensar em seu nome me enerva de tal forma que tenho
vontade de quebrar tudo novamente.
Mas antes que eu possa
tomar qualquer atitude, ouço um clique da porta se abrindo, e a voz que
faz meu estômago se embrulhar preenchendo o quarto.
"Jesus! O que aconteceu aqui?"
Devagar, eu me sento e
me viro para encarar a carranca chocada de Elizabeth. Ela está muito bem
vestida com uma calça de tafetá branca e uma blusa de seda preta. Suas
mãos estão carregadas de sacolas de várias de várias grifes. Porque a
matriarca dos Vidal só se vestia com tudo o que há de melhor e mais
luxuoso do mundo da moda.
É incrível o quão atenta Elizabeth é com futilidades e tão relapsa com o que realmente importa.
Mas, mesmo sendo a mesma
mulher com quem durmo e acordo todos os dias, sinto que a pessoa diante
de mim é uma completa estranha. Tudo o que sei é que ela é uma
mentirosa de primeira. E, por mais que eu tenha medo de descobrir o
resto, eu preciso. Eu posso escutá-la falando várias coisas enquanto
penso em tudo isso, mas não processo nada nem faço esforço algum para
entender.
Ela ainda está parada perto da porta agora fechada, e eu posso sentir o medo emanando de seus poros.
"Chris, querido, você está me assustando. Aconteceu alguma...".
"Porque você mentiu para mim?" corto seu papo furado.
Ela franze o cenho. "Mentir para você? Do que está falando?"
Respiro fundo mais uma
vez, tentando evitar o vômito que ameaça sair da minha garganta. Não
posso acreditar que estou prestes a dizer isso em voz alta. Mas vou
atrás disso até o fim. E ela não sairá daqui até me dizer o que quero
saber.
"Gideon não disse que Hugh estava batendo nele, não é Elizabeth? Ele disse que estava sendo estuprado, não foi?"
Seu rosto perde a cor
apesar da maquiagem. Seus olhos se arregalam e sua boca cai aberta. Tão
transparente quanto Gideon em suas reações, seu rosto corrobora tudo o
que eu já sabia. Eu me sento em nossa cama revirada sem deixar de
encará-la.
"Pode começar a falar
tudo", digo secamente, mas com um inconfundível traço de determinação em
meu tom. "E não pense que você sairá daqui até me dizer tudo o que
quero saber".
PESSOAL, PEÇO A VOCÊS QUE SEMPRE LEIAM AS NOTAS FINAIS, POIS É NELAS QUE DOU TODAS AS EXPLICAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO, PRÓXIMA POSTAGENS, ETC. PORTANTO, JÁ DEIXO CLARO QUE NÃO RESPONDEREI A NENHUMA PERGUNTA SOBRE O QUE EU JÁ TIVER DITO AQUI.
Uau! Que tenso, hein? Como vocês imaginam que será esse conflito? Se eu escrever sobre ele, não será no próximo capítulo, ok? Como eu disse, estou escrevendo outtakes aleatórias, então elas não vão seguir uma ordem cronológica como as outras histórias. Ou seja, na próxima teremos outro personagem dando sua versão dos fatos. E não, não será Gideon ou Eva. Meu foco será, essencialmente, os personagens secundários.
E aí? Devo continuar escrevendo mesmo? O que vocês acharam? Me deixem saber nos comentários!
Grande beijo e até a próxima!
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2 comentários:
Nossa foi muito intenso mais adorei a versão do padrasto dele....
Olá Tammy. Poderia me explicar porque motivo não consigo ler nada do que é postado? Parece bloqueado e simplesmente aparece o resumo do que foi escrito
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