terça-feira, 7 de julho de 2015

Somente Minha (Outtakes): Outtake 1 — Abrindo os Olhos

Oi gente! Desculpe o atraso em postar o Outtake. Minha vida tá uma bagunça com essa chegada de férias. Mal tive tempo de sentar e olhar para o computador. Tinha muita coisa para resolver antes de ir para a casa do meu pai, onde eu tinha mais coisas para organizar antes de, finalmente, viajar para a casa da minha mãe, onde vou passar as férias. Desculpem mesmo. Eu não esperava por essa. Nem no Facebook consegui entrar. Enfim, aqui está. Espero que gostem! Boa leitura!



A verdade de outra pessoa não está no que ela te revela, mas naquilo que não pode revelar-te. Portanto, se quiseres compreendê-la, não escute o que ela diz, mas antes, o que ela não diz.


— Khalil Gibran


Narrado por Christopher Vidal Sênior


Elizabeth estava enlouquecendo com o anúncio do noivado de Gideon e Eva. Primeiro, porque odiava ter sido informada da situação pelos tabloides. Segundo, porque, ela ainda alimentava a esperança de ter Corinne como nora. E, terceiro, mas não menos importante, porque, após o confronto entre as duas no Manhattan Club, a filha de Monica Stanton passou de uma garota adorável, bem nascida e linda, para uma víbora que só queria tirar vantagem de seu único filho.


Eu não poderia achar que Eva Tramell fosse algo do gênero, mas não disse isso em voz alta. Ela é herdeira de uma das famílias mais tradicionais da high society de Nova York, e ainda tem como padrasto ninguém menos do que Richard Stanton, um dos homens mais ricos e respeitados deste país. Tudo o que ele tocava virava ouro, e sua integridade e transparência no trabalho eram de encher os olhos e os bolsos de quem apostasse suas fichas nele. 


No fundo, eu sabia que Elizabeth não tinha raiva de Eva exatamente por isso. Ela conhecia Monica, conhecia a família Tramell e ainda havia feito uma minuciosa pesquisa sobre eles quando Eva surgiu afinal ela não era uma figurinha carimbada na imprensa como sua mãe e avó. Pelo menos não até que começou a namorar Gideon. 


A questão é que Eva sabia da infância complicada de Gideon, que fizemos questão de esconder de todos. A última coisa que precisávamos era da imprensa sensacionalista explorando esta história até que não sobrasse mais nada. Já bastava o que eles haviam sofrido na época em que descobriram o esquema sujo de Geoffrey e, na sequência, seu suicídio. E Elizabeth não gostou nada do tom que Eva utilizou, deixando claro que o fato de Gideon ser traumatizado e torturado como é hoje era culpa dela. Minha esposa é uma mãe dedicada e exemplar e sempre fez de tudo para manter a família unida; ela vive para isso. 


"Aquela jovem petulante e atrevida", resmungara ela. 


E agora, saber que Eva estava prestes a se tornar a próxima senhora Cross da linhagem estava lhe enlouquecendo. 


Eu me lembro do quão arrasada Elizabeth ficara após a primeira visita que fez ao escritório de Gideon. Ela mal falara durante a semana, apesar de sempre manter o sorriso no rosto. Parecia tensa, como se houvesse algo muito pesado em suas costas. Tentei conversar e ela ate se abriu. Contudo, eu sempre tinha uma vaga impressão de que havia coisas que não estavam sendo ditas. 


Eu não sabia o quão eu poderia estar certo até estar ali, no escritório de Gideon, para conversar com ele eu mesmo, após a segunda visita que sua mãe lhe fizera, e que fora tão ou mais hostil do que a outra. 


A intenção dela era confrontá-lo sobre o noivado com Eva, tiro esse que saiu pela culatra como eu previra. Ele era adulto e tinha total direito de escolher quem quisesse. Esse tipo de atitude só iria afastá-lo de nós ainda mais, mas ela parecia não se importar com isso, alegando que tinha o direito de se meter por ser mãe dele. Não questionei nem me intrometi, mas também não concordei. 


Eu queria fazer algo para tentar amenizar a situação. Ele e Ireland estavam se reaproximando e ela estava tão animada. Não queria que esse frágil fio se rompesse. Era uma chance única de tê-lo de volta, ou ao menos tentar. Desta vez, eu lutaria o quanto eu pudesse para reunir minha família.


Andando pelo prédio, vendo o quão imponente e luxuoso ele era tanto por dentro quanto por fora, me tornei brevemente consciente do quão rico e poderoso é o homem a quem tentei criar como um filho. Por seus próprios meios e esforços, ele conseguiu se tornar um dos empresários mais influentes e brilhantes do mundo, conseguindo respeito até mesmo de veteranos, considerando que alcançou tanta coisa com tão pouca idade. Eu havia tido essa mesma sensação quando ele, após se consolidar na carreira, há exatos quatro anos, comprou a maior parte das ações da Vidal Records e salvou nossa família da falência.

Christopher ficou irado ao saber da notícia. 


"Eu não admito que ele tome conta do que é nosso", meu filho biológico bateu socou a mesa com raiva, assustando a mim. "A Vidal Records é nossa herança, pai! Minha e da Ireland! Ele monopolizava toda a atenção quando era criança, e está fazendo isso de novo, querendo se exibir!"


"Chega, Christopher", eu disse baixinho. "Já está feito, e você devia ser grato ao Gideon por isso. Ele fez isso por todos nós".


"Porra nenhuma!" se exaltou mais uma vez. "Ele queria era esfregar na minha cara que é o todo poderoso que pode controlar tudo a sua volta. Aquele filho de uma...".


"CALA A BOCA, CHRISTOPHER! CALA ESSA BOCA AGORA!", berrei enquanto me levantava de supetão. Meu filho arregalou os olhos, completamente assustado com minha atitude. Eu nunca havia levantado a voz para ele antes. "Agora, escute muito bem o que vou te dizer", falei entre dentes. Eu estava cansado daquela conversa e de seus ataques patéticos de ciúmes. "Seu irmão salvou a todos nós da ruína. Não iria existir uma herança pela qual brigar. Nem dinheiro para bancar suas noitadas em festas e motéis com as vagabundas com quem você dorme, ou para bancar sua vida cheia de privilégios. Você seria pobre. Nós estaríamos pobres se Gideon não tivesse intercedido. Ele sim sabe o que é perder tudo, ao contrário de você que só sabe esbanjar, apesar de ralar bastante aqui dentro".


Seus olhos se iluminaram de raiva e quando ele ia abrir a boca para retrucar, o cortei novamente. "Agora, não estou mais falando mais como seu pai, mas sim como seu chefe. Não quero mais ouvir você reclamar dessa merda outra vez. Nem comigo ou com os executivos, que estão todos do lado dele e não estão gostando nada de suas atitudes. Não arruíne o que conquistamos, ou você está fora, entendido?"


Ele me olhava ensandecido de raiva e respirava com dificuldade. Eu sabia que tinha sido muito duro com ele, mas não tive escolha. Não poderia passar mais a mão em sua cabeça, e sua atitude hostil diante da compra das ações estava causando uma enorme insatisfação nos demais acionistas. Ter Gideon no comando era uma grande jogada. Ele exalava confiança e transparência. Ele conseguiu limpar o sobrenome Cross com louvor e colhia os frutos disso. Era só ver a forma reverente como até mesmo os mais experientes o olhavam. Eu não arriscaria isso por um chilique infantil. 


"Entendido?" perguntei incisivo.


"Sim", sussurrou com a voz falha. Então pigarreou e continuou mais firme. "Entendido. Não se preocupe. Não vou criar atrito ou resistência. Não aqui, não na frente deles. Isso eu posso garantir". Então se virou e saiu pela porta, batendo-a com violência atrás de si. 


Nossa relação ficou estremecida depois desse dia, mas voltamos a nos falar. Sei que ele ainda odeia o fato de Gideon mandar na gravadora e deixa isso claro sempre que possível quando discutimos em casa, mas não adiantaria espernear. 


Estava cruzando o corredor quando dei de cara com a noiva de meu enteado, o que me fez emergir dos meus pensamentos. Ela é realmente uma bela mulher, e dava para entender o porquê de Gideon ter ficado tão encantado por ela. Corinne também é deslumbrante. De um refinamento aristocrático e de uma gentileza impossíveis de se por em palavras. Mas faltava algo nela. Algo que Eva tinha de sobra e, somente agora, olhando para ela, eu era capaz de enxergar essa diferença. Seus cabelos loiros reluziam como uma aureola de graça em volta de seu rosto de beleza clássica, tão parecido com o de sua mãe. A delicadeza de seus traços contrastava fortemente com seu corpo pequeno e curvilíneo, mas não menos poderoso. Ela tinha uma presença forte e intensa, que ficava ainda maior com aquele brilho audacioso e alegre em seus olhos verde-acinzentados. Eles pareciam conter um segredo que ela jamais revelaria, mas que você ficaria louco para descobrir e faria de tudo para isso. Corinne é muito mais alta e esguia, e tem o poder de chamar a atenção de qualquer um por onde passa, porque não havia como não prestar atenção à sua beleza. Mas era só isso. Ela ficaria completamente apagada diante de Eva, mesmo aos olhos de um homem que só reparasse no exterior.


Eu a cumprimentei e recebi dela a mesma gentileza. Então me dei conta de que estava diante da única pessoa que tinha o poder de fazer Gideon mudar de ideia. Eu precisava aproveitar isso, então a convidei para conversar, no que ela aceitou de pronto. 


Scott apareceu avisando que Gideon demoraria mais quinze minutos na reunião e, educadamente, nos ofereceu algo par beber. Recusei e apenas pedi para por uma sala que pudéssemos usar. Ele prontamente atendeu e, após se voltar para Eva, que também recusou algo para beber, nos conduziu para uma sala de reuniões vazia, onde pudemos ficar mais a vontade. 


"Se precisarem de alguma coisa, é só discar que eu providencio. Tem café ali, e água também", disse.


Balancei a cabeça. "Obrigado, Scott".


Ele acenou com a cabeça, pediu licença e saiu. 


Fiz um gesto para que Eva se sentasse e me acomodei na cadeira ao seu lado, para que eu pudesse encará-la. "Em primeiro lugar, parabéns pelo noivado", sorri. Eu precisava ser diplomático. "Ireland sempre fala muito bem de você, e sua ajuda foi fundamental para que ela e Gideon se aproximassem. Não tenho palavras para agradecer por isso", e, mesmo com a intenção de tentar criar um clima mais amigável para depois pedir ajuda, eu estava sendo absolutamente sincero. Ireland simplesmente adora Eva. 


"Não foi nada, mas agradeço a lembrança", respondeu educadamente. 


Antes que eu pudesse evitar, peguei sua mão esquerda e acariciei o belíssimo anel de noivado que a adornava. Uma joia de família, linda, delicada e imponente. Uma joia que não me era estranha. Uma joia que eu odiava. Tanto que fui incapaz de evitar que minha boca se curvasse em uma expressão de puro desgosto. Às vezes eu sentia que Geoffrey nunca tinha ido embora completamente. Seu fantasma parecia pairar em meu casamento de tempos em tempos. A prova disso foram os momentos em que peguei Elizabeth olhando de forma contemplativa para aquele anel. No fundo, eu sabia que ela ainda sentia algo pelo homem que a colocou no inferno anos atrás. Mas eu escolhi ignorar esse fato por amor a ela.

Eu estava vivo. Eu estava presente. Eu cuidaria dela. 


"É uma linda aliança", eu disse por fim, sentindo um gosto amargo na boca. "Com certeza dar a você foi um gesto que significou muito para Gideon". Ela apenas me olhou um pouco desconcertada, sem saber o que dizer.  

Aproveitei seu silêncio e prossegui, desviando um pouco a conversa, mas abandonando-a completamente. "Elizabeth não digeriu bem a notícia", soltei sua mão. "Uma mãe deve sentir muitas emoções conflitantes quando seu primeiro filho decide se casar.  A minha costumava dizer que um filho só é um filho até o casamento – depois vira um marido –, mas uma filha continua sendo uma filha para sempre". 


Eu pensei bem no que dizer para amenizar o clima péssimo que se estabeleceu entre as duas. Elas seriam nora e sogra, afinal. E ter as duas se dando bem, ou ao menos se encarando sem quererem  matar uma a outra, seria um passo importante para que Gideon desfizesse de vez a resistência que criou em torno de si contra nós. É claro que Eva não compraria minhas desculpas esfarrapadas. Ela é inteligente demais para isso. Mas eu precisava tentar.


Ela estreitou os olhos e se inclinou para frente, dizendo bem baixo. "Vamos ser sinceros. Sua mulher não teve essa reação quando Gideon ficou noivo de Corinne". 


Sorri sem graça pela sua perspicácia, mas não iria desistir. "Acho que foi diferente porque Gideon estava com Corinne fazia um tempo, e nós a conhecíamos bem. O relacionamento de vocês é bem novo, por isso o estranhamento. Não é nada pessoal, Eva".


Ela se inclinou ainda mais, e seus olhos transbordaram de fúria. Se eu sabia algo sobre mulheres como Eva, é que elas odiavam ser feitas de idiotas. E, querendo ou não, era exatamente isso que eu estava fazendo. Me preparei para ouvir um 'vai se foder', mas o que saiu de sua boca me pegou completamente de surpresa. 


"É tudo muito pessoal, sr. Vidal. Elizabeth se sente ameaçada porque não vou mais aceitar essa palhaçada. Vocês dois devem um pedido de desculpas a Gideon, e ela precisa admitir o abuso que foi cometido contra ele. Vou continuar pressionando até que tome essa atitude. Pode contar com isso".


Abuso? 


Meu corpo ficou tenso imediatamente ao ouvir aquilo. "Do que está falando?" 


Ela soltou uma risada cínica e soltou um 'serio mesmo?' e não disse mais nada.


"Elizabeth jamais cometeria abuso contra os filhos", eu disse muito sério. Aquele tipo de acusação era gravíssimo. Agora posso entender a raiva de minha esposa. "Ela é uma ótima mãe, muito dedicada". 


Eva piscou várias vezes e me olhou como se eu tivesse acabo de falar que a terra era plana. Furioso com sua falta de palavras e com suas acusações baseadas em sabe Deus o quê, exigi que ela começasse a se explicar. 


Ela se recostou em sua cadeira, ainda me encarando e não dizendo uma palavra sequer.  Aquilo me irritou profundamente e acabei me exaltando, me inclinando para frente exatamente como ela fizera minutos antes. "Pode começar a falar. Agora". 


Sua voz saiu baixa e trêmula, como se não tivesse certeza do que estava dizendo. Mas eu tinha certeza absoluta do que saiu de sua boca. "Gideon foi estuprado. Pelo terapeuta". 


O tempo ficou suspenso naquele instante. Tudo ao meu redor sumiu. Mas as palavras foram gravadas a ferro e fogo em meus ouvidos. Meu enteado foi estuprado. Ele foi abusado pelo terapeuta. Hugh. O homem que o tratava. Eu sabia que deveria dizer ao sobre isso, mas o torpor paralisante que tomou conta do meu corpo não me deixava me mover, nem mesmo respirar, quanto mais falar. Eu estava impotente diante daquela acusação. 


"Gideon contou para Elizabeth, mas ela não acreditou. Sabia que era verdade, mas se recusou a aceitar, por algum motivo bizarro", suas palavras cortaram o silêncio que permeava a sala. E me fizeram despertar e endireitar meu corpo no mesmo instante. 


Sua acusação era inconcebível para mim. Não fazia o menor sentido. E eu não iria acreditar nisso. Eva não poderia ser tão mau caráter a ponto de inventar algo assim. Balancei a cabeça com veemência e disse um sonoro não. Elizabeth não faria isso. Ela é uma mãe maravilhosa. Ela não faria isso. 


Eva praticamente pulou da cadeira, e se colocou de pé. Parecia uma leoa pronta para defender sua cria ao primeiro sinal de perigo. Eu nunca a tinha visto alterada daquela forma."Você também vai negar?" sua voz estava carregada de fúria mal contida. "Quem ia mentir sobre uma coisa dessas? Tem ideia de como foi difícil para ele admitir o que estava acontecendo? O quanto ficou confuso com o fato de um homem em quem confiava ter feito esse tipo de coisa com ele? "Continuei a encará-la, incrédulo, me recusando a acreditar naquilo. Não. Aquilo não podia ser verdade. 


"Elizabeth jamais ia ignorar... uma coisa como essa. Tem algum mal-entendido aqui. Você está fazendo confusão".


Sim. Eva estava se confundindo. Talvez Gideon tenha lhe contado sobre o episódio em que mentiu para Elizabeth, dizendo que Hugh o estava agredindo fisicamente. Mas não era nada daquilo. Ele mencionou tapas e beliscões, mas nada foi encontrado pelos médicos. Isso! Só podia ser isso. E ela entendeu como um abuso. Só podia ser isso. Tinha que ser isso. Não havia outra explicação plausível.

Eu sentia que minhas pupilas estavam dilatadas e minha boca estava seca. Porque, no fundo, eu estava com medo de que o enganado fosse eu. Porque a declaração de Eva clareava todos os pontos que estavam nublados para mim, pontos esses que passei anos tentando entender, mas não consegui. Pensei em várias possibilidades e nenhuma delas fazia sentido. Mas essa, a pior de todas – a que eu jamais poderia sequer supor – colocou luz a toda a obscuridade. E isso me aterrorizava, ainda mais quando me vi implorando que Eva estivesse errada. 


"Ela deixou rolar. Foi isso. Quando a coisa veio à tona, não ficou ao lado do filho", disse parecendo bem convicta do que dizia.


"Você não sabe o que está falando", continuei me negando a acreditar. Ela segurou firmemente a alça de sua bolsa e a jogou sobre o ombro, em seguida, se inclinou para frente e me encarou nos olhos. A sinceridade transbordava deles. Ela não estava mentindo. Uma mulher tão transparente e aberta com seus sentimentos não conseguiria fingir assim, e aquilo me matou por dentro. 


"Gideon foi estuprado. Algum dia, você e sua mulher vão ficar cara a cara com ele, como estamos agora, e admitir isso. E vão pedir desculpas por todos os anos que ele foi obrigado a suportar essa barra sozinho".


Antes que eu pudesse sequer processar suas palavras, uma voz grave retumbou como um trovão sobre o cômodo quase vazio, sobressaltando tanto a mim quanto à jovem determinada à minha frente. 


"Eva".


Imediatamente meus olhos pousaram sobre a figura alta de Gideon. 

Sua postura tensa e sua testa vincada em uma carranca aterrorizante, que me lembrou do garoto rebelde de anos atrás. O menino que assumiu a culpa de um homem em suas costas e sofreu muito por isso. O menino que, sozinho, teve que encontrar seu caminho, mesmo que eu tivesse feito de tudo para ajudá-lo a passar por ele. Era ele quem me olhava agora, e a verdade estava ali. Eu a via ali, bem estampada, mas ainda sim, tive forças para perguntar. "Gideon, o que está acontecendo? O que ela está dizendo?"


A forma como ele reagiu apenas confirmou o que seus olhos me disseram e senti meu coração se quebrar, não como no dia em que Gideon foi embora de casa. Ele havia se partido ao meio e se despedaçado em milhares de pedaços.


Minha nossa.


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Não sei exatamente como cheguei em casa. 


Desde que saí do Crossfire, as coisas, as pessoas, os lugares, tudo passou por mim como um enorme borrão. Apenas as palavras de Eva ocupam a minha mente, girando como um tornado, me deixando tonto, enjoado, doente. Não posso acreditar no que acabo de saber. Queria muito que tudo fosse um grande mal entendido, que fosse apenas uma sinistra brincadeira de mau gosto. Mas foi só olhar para a face sombria e torturada de meu enteado, que tive a certeza que tanto temi. 


Ele saiu da sala puxando Eva com violência, dando passadas rápidas. Meu corpo ainda pesava, como se eu tivesse recebido a tarefa de sustentar os céus sobre meus ombros. Quando, finalmente, consegui sair de meu estado de torpor e corri atrás dos dois, gritando o nome de Gideon, eles já estavam dentro do elevador e as portas, se fechando. Ainda desci e tentei alcançá-lo na portaria, mas não havia sinal de seu carro nem de Angus. 


Seu rosto furioso não estava mais à vista, mas eu já não de nenhuma outra confirmação.


Gideon sempre foi como uma águia solitária. Na medida em que foi se tornando um adulto, ele construiu uma grande muralha ao redor de si, agindo de forma fria, calculada e distante, nunca deixando transparecer nenhuma emoção e isso sempre me assustou. Eu pensava que era apenas sua forma de mostrar que não se sentia parte da família que estávamos construindo. E fiz meu melhor para que ele sentisse o contrário. O fato de não ter o meu sangue correndo em suas veias, não significava que eu o trataria diferente de meus outros filhos. 


Nossa relação nunca foi hostil, mas havia uma resistência por parte dele em me aceitar, afinal eu era um estranho que estava ocupando um lugar que sempre fora de seu pai, como marido de sua mãe e chefe da família. Meu coração doía por vê-lo sofrer tanto sendo ainda tão novo. Ele era pequeno de mais para carregar tanto peso em suas costas. 


Geoffrey destruiu muitas vidas, dentre elas as de Elizabeth e de Gideon, que tiveram que suportar as consequências dos erros dele quando se matou, mostrando assim o perfeito covarde que era. 


E espero, sinceramente, que ele esteja queimando no inferno por isso.


Agora, descubro que os danos psicológicos de Gideon são maiores do que eu poderia supor. Não foram apenas a ausência de seu pai e as reações desmedidas de pessoas que foram afetadas por algo que não foi sua culpa que o marcaram. A pessoa que deveria ajudá-lo a lidar com seus traumas emocionais, estava os piorando, e adicionando torturas físicas à lista. Maldito Hugh! 


Uma criança jamais deveria passar por isso. Eu vi casos e casos na TV e sentia uma imensa revolta pelos agressores e pena das vítimas, sem jamais imaginar que havia uma na minha própria casa. Meu Deus, se eu ao menos suspeitasse! Como não percebi o que estava acontecendo? 


E como Elizabeth pôde esconder isso de mim? Pior, como teve coragem de mentir para mim? Ela sempre se sentia grata pelas minhas tentativas de me aproximar de Gideon. Expressava constantemente, na privacidade de nossa suíte, suas angústias e preocupações com a saúde mental dele. Vivia dizendo o quanto se arrependia por ter se casado com Geoffrey e confiado em seu julgamento. Eu a consolava, dizendo que seu trabalho como mãe era incrível dada às circunstâncias, e que ela não deveria se culpar. E que eu estaria sempre ao lado dela e de Gideon, que eu cuidaria deles. 


Mas ela simplesmente não confiou em mim. 


Pior, ocultou algo muito grave e igualou o episódio a uma de suas muitas crises de raiva. E eu acreditei por que isso não era raro de acontecer. Estávamos enfrentando o mesmo problema com Christopher, que passou a imitar o irmão a fim de chamar nossa atenção. E isso tudo somado à depressão de Elizabeth e a gravidez de risco de Ireland foram o estopim para chamarmos ajuda.


Talvez, se tivéssemos feito isso antes, não teria chegado ao ponto que chegou e reconheço isso. Talvez pudéssemos ter recorrido a outro profissional, um profissional de verdade. Poderíamos ter evitado o... Gideon poderia ter sofrido menos. 


Muito menos. 


Quando a situação com Hugh explodiu, Gideon tinha por volta de doze anos. Eu estava viajando a trabalho. Toda a vez que eu ligava, Elizabeth dizia que ele estava bem apesar de seu jeito quieto e fechado. Raramente dava crises, mas eram contornáveis, muito mais do que no começo. Quando voltei, ela me contou de sua última crise: disse que Hugh o estava agredindo, dando tapas e beliscões. Não havia marcas em seu corpo que indicassem isso, é claro, mas como uma mãe preocupada e que põe os filhos em primeiro lugar, Elizabeth o havia levado em dois médicos para ter certeza. Nenhum deles detectou nenhum sinal de agressão e encaramos isso como um novo viés de suas crises. 


Todas as vezes que Hugh chegava, Gideon mudava sua postura, ficando ainda mais rígido e retraído. Pensamos que ele se sentia envergonhado pelas mentiras que contou sobre seu terapeuta, que não se importou com isso e encarou tudo de forma profissional.


Profissional não chega perto do que aquele depravado realmente era. 


Após as sessões, Gideon simplesmente se trancava no quarto. Não descia para comer conosco, sequer nos olhava na cara. E, novamente, vimos isso como um sinal de vergonha. Na verdade, eu via tudo a partir da perspectiva da história que Elizabeth me contou. No entanto, após saber o que realmente aconteceu, essas e muitas atitudes fizeram sentido, como sua saída de casa. 


Eu ainda lembro claramente do dia em que ele nos deixou, de cada detalhe, como se tivesse acontecido ontem. 


FLASHBACK


"Gideon, por favor, não faça isso. Esta é sua casa, meu filho. Seu lugar é conosco", Elizabeth implorava com a voz embargada e os olhos banhados de lágrimas, numa vã tentativa de convencê-lo a ficar. 


Eu só tinha visto minha esposa desesperada assim duas vezes. Quando nos conhecemos, na época em que ela estava à beira da falência por ter perdido quase todos os seus bens graças ao esquema corrupto de Geoffrey, e ao ver Christopher agir da mesma forma agressiva que seu irmão mais velho. E lá estava ela novamente, pronta para implorar para que seu filho não fosse embora, para que ela não perdesse a única coisa de boa de seu antigo casamento. O filho que mais se parecia com ela, mas que também herdara as feições angulosas e masculinas de seu pai. 


Gideon estava envolto em uma muralha de gelo, grossa e intransponível, não se dignando nem mesmo a olhar para sua mãe. Ele havia crescido muito com o passar dos anos e estava mais alto do que eu. Seus cabelos lisos e pretos, que Elizabeth fazia questão de deixar aparados, estavam quase passando de sua nuca. Seu rosto, que sempre teve um ar austero na infância, parecia ainda mais adulto agora, mais sério. Ele estava longe de aparentar ser um garoto de dezoito anos. 


Ela tentava agarrar seus longos braços, mas ele a rechaçava suavemente, ignorando seus apelos com um silêncio tão ensurdecedor quanto os gemidos de agonia de sua mãe. 


Christopher estava sentado em frente à televisão, parecendo nem mesmo se dar conta de que seu irmão estava indo embora. Seus olhos estavam vidrados no que quer que estivesse passando. Ele parecia calmo e até um pouco risonho. O que era estranho considerando que seu rosto estava sempre amarrado em uma careta raivosa.


Voltei meus olhos para Gideon que, ainda em silêncio, carregando uma mala de mão e uma grande mochila de viagem nas costas, se dirigia para a porta da frente de forma resoluta. Eu sabia que ele não iria mudar de ideia. Ele era independente e indomável. Elizabeth não teria a menor chance.

Ele tocou a maçaneta quando ela tentou mais uma vez, mas a segurei pelos ombros e apenas balancei a cabeça. Eu entendia a necessidade que Gideon tinha de ter um espaço para si, de construir sua própria vida. Ele era um homem, afinal. O que eu não entendia era a animosidade que exalava de cada um de seus poros e se dirigiam diretamente para sua mãe. 


Apesar de que a relação de Gideon conosco só piorou com o passar do tempo. A única que não foi alvo de sua indiferença foi Ireland. Ela adorava ficar em seu colo e era a única que podia tocá-lo. Sempre que eu tentava, ele se desviava rapidamente e me olhava com raiva. Talvez ele achasse que eu estava tentando ocupar o lugar de seu pai. Ou ainda se sentisse de fora da família, embora sempre tentássemos incluí-lo. 


No fim, de nada adiantou. 


Ele saiu pela porta, e caminhou pelo jardim, enquanto nós o seguíamos numa distância segura. O corpo de minha esposa tremia em meus braços, e eu sabia que teria que passar dias consolando-a. Eu conhecia aqueles sintomas. Ela se quebraria novamente, como se quebrou quando Geoffrey se matou, quando ela estava prestes a perder tudo, quando Gideon começou a ser hostilizado tanto por colegas de classe quanto por alguns professores e funcionários da escola onde estudava. Todos, vítimas ou parentes ou conhecidos de vítimas do esquema sujo de seu pai.


"Gideon...", ela chamou num fio de voz.


Ele se virou abruptamente e nos encarou. Havia tanto rancor em seu olhar que fez meu estômago dar voltas.


"Eu não tenho razão alguma para ficar", disse sem emoção. "Eu odeio esse lugar, odeio meu pai pelo que fez comigo, e odeio ainda mais esta família que não é minha. Eu achava que podia ser diferente. Amar é proteger e ajudar. Amar é acreditar", ele enfatizou bem a palavra 'acreditar' e franzi o cenho, confuso. "Eu não tenho nada disso aqui. Não mais. Nunca tive nada a ver com esta casa ou com esta família. Vocês são os Vidal e eu sou Cross, e isso é tão claro para mim como nunca. Não me procurem, não cheguem perto de mim. Nunca mais". 


Ele voltou a fazer seu caminho, sem olhar para trás. Quando não era mais possível ver sua figura magra, mas imponente, Elizabeth desmoronou e eu soltei a respiração que não tinha me dado conta de que segurava. Eu sabia que lago havia se quebrado dentro de mim ao ouvir o ódio em sua voz. Senti a imensa dor em meu peito e percebi que fora meu coração. 


Eu havia acabo de perder um filho, e nada poderia ser pior que aquilo. 

FIM DO FLASHBACK


Agora eu sei que há algo pior. A dor de saber que seu filho fora machucado física e emocionalmente por um lunático desgraçado, sem poder fazer nada a respeito.


Eu falhei.


Falhei ao não dar a Gideon a devida atenção, achando que dar-lhe tempo e espaço seria suficiente. Falhei ao simplesmente aceitar as explicações de Elizabeth, sem buscar a fundo o que realmente havia acontecido. Falhei ao ignorar os sinais que agora me parecem tão óbvios que me levam a me perguntar como pude ter sido tão cego. Eu falhei quando o deixei sozinho com aquele monstro pervertido, completamente vulnerável.


"Ele vai se sentir menos oprimido sem a sua presença", dizia o desgraçado. "Ele precisa de alguém em quem confiar; alguém com quem ele se sinta a vontade em compartilhar seus sentimentos. Dê-lhe um tempo. Ele vai se acostumar. Da minha parte, farei tudo o que eu puder para ajudá-lo".


Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo. 


Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo. 


Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo. 


Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo. 


Farei tudo o que eu puder para ajudá-lo. 

Miserável. Doente. Demônio.


Sua voz cínica ecoa em meus ouvidos e o quarto começa a ficar pequeno demais para mim. As paredes parecem estar se fechando e uma sensação claustrofóbica me sufoca. Meu estômago se embrulha ao constatar que esta casa, que deveria ser um lar, é na verdade a cena de um crime hediondo e imperdoável. Aquele monstro matou a infância do homem a quem considero um filho, matou suas esperanças, seus sonhos. 


Uma criança sempre deve ser amada e protegida.


Ele tinha que ter sido amado.


Ele tinha que ter sido protegido. 


Um grito longo e gutural escapa dos meus lábios. Imagens muito gráficas de um menino assustado e subjugado por um adulto invadem minha mente. Fico louco e cego de ódio. Meu corpo começa a tremer tamanha a força da minha raiva e da minha dor. Começo a arfar alto, sentindo meus pulmões queimando tanto, como se estivessem sendo consumidos por fogo. 


Preciso liberar isso de mim... 


Agora... 


Preciso...


Sem que eu possa me conter, minhas mãos derrubam tudo sobre a penteadeira de Elizabeth. Suas maquiagens, seus perfumes. Sua forma de mascarar seu verdadeiro eu. Sua fantasia de mulher perfeita e feliz. Isso é tudo o que lhe importa. Como alguém pode não acreditar no próprio filho? Como alguém pode ignorar o sangue do seu sangue apenas para não ter que enfrentar o problema? Quem é essa mulher com quem me casei?


Continuo caminhando pelo cômodo, derrubando tudo o que vejo, e o barulho de milhares de coisas se partindo, caindo aos pedaços, exatamente como estou agora. 


Merda!


Eu poderia tê-lo ajudado. Eu poderia ter evitado tudo se soubesse!


Porcaria!


Ele passou anos sofrendo esses abusos em silêncio porque ninguém acreditou nele. Nem a própria mãe!


Porra!


Minha mulher sabia de tudo e não me disse nada!


Inferno! 

Não consigo ouvir mais nada. Somente o rugido inumano que sai do fundo de minha garganta ladeada pela força da minha fúria, que está transformando nosso quarto em um campo de guerra. 


Por fim, desabo no chão, e deixo o nó em meu peito se desprender, liberando o choro desesperador que fora crescendo em mim junto com a raiva. Soluços altos e incontroláveis. Encolho-me em posição fetal sobre o piso acarpetado e deixo todas as emoções fluírem. 


Choro por todos os pedidos de ajuda de Gideon que ignoramos. Choro por ter trazido Hugh para a vida dele. Referências impecáveis não são suficientes para apontar o caráter de alguém. Choro por tudo o que ele teve que sofrer nas mãos daquele monstro. Mas choro, principalmente, por saber que minha esposa é tão mentirosa e manipuladora quanto seu antigo marido. Ela fez a história parecer menor do que realmente era e eu simplesmente acreditei em sua palavra. 


A pergunta é: por quê? Porque mentir para mim daquela forma?


Uma parte de mim suspeita de uma razão, uma razão ridícula e fútil, mas a mais plausível dentre as tantas outras que eu me forço a pensar. E, novamente, me pego rezando para estar errado. 


Não sei quanto tempo fico aqui, prostrado, com lágrimas rolando pelo meu rosto sem que eu possa impedir. Elas saem com facilidade e sem permissão, mas não tenho mais forças para nada. Estou me sentindo exaurido, esgotado. Destruído. Não consigo nem mesmo me levantar para me livrar do estado lamentável no qual me encontro. Estou ciente de que meus filhos estarão em casa em breve. Sei que meus empregados devem estar se perguntando como estou. E Elizabeth... Apenas pensar em seu nome me enerva de tal forma que tenho vontade de quebrar tudo novamente. 


Mas antes que eu possa tomar qualquer atitude, ouço um clique da porta se abrindo, e a voz que faz meu estômago se embrulhar preenchendo o quarto.


"Jesus! O que aconteceu aqui?"


Devagar, eu me sento e me viro para encarar a carranca chocada de Elizabeth. Ela está muito bem vestida com uma calça de tafetá branca e uma blusa de seda preta. Suas mãos estão carregadas de sacolas de várias de várias grifes. Porque a matriarca dos Vidal só se vestia com tudo o que há de melhor e mais luxuoso do mundo da moda. 


É incrível o quão atenta Elizabeth é com futilidades e tão relapsa com o que realmente importa. 


Mas, mesmo sendo a mesma mulher com quem durmo e acordo todos os dias, sinto que a pessoa diante de mim é uma completa estranha. Tudo o que sei é que ela é uma mentirosa de primeira. E, por mais que eu tenha medo de descobrir o resto, eu preciso. Eu posso escutá-la falando várias coisas enquanto penso em tudo isso, mas não processo nada nem faço esforço algum para entender. 


Ela ainda está parada perto da porta agora fechada, e eu posso sentir o medo emanando de seus poros.


"Chris, querido, você está me assustando. Aconteceu alguma...".


"Porque você mentiu para mim?" corto seu papo furado.


Ela franze o cenho. "Mentir para você? Do que está falando?"


Respiro fundo mais uma vez, tentando evitar o vômito que ameaça sair da minha garganta. Não posso acreditar que estou prestes a dizer isso em voz alta. Mas vou atrás disso até o fim. E ela não sairá daqui até me dizer o que quero saber.


"Gideon não disse que Hugh estava batendo nele, não é Elizabeth? Ele disse que estava sendo estuprado, não foi?"


Seu rosto perde a cor apesar da maquiagem. Seus olhos se arregalam e sua boca cai aberta. Tão transparente quanto Gideon em suas reações, seu rosto corrobora tudo o que eu já sabia. Eu me sento em nossa cama revirada sem deixar de encará-la.


"Pode começar a falar tudo", digo secamente, mas com um inconfundível traço de determinação em meu tom. "E não pense que você sairá daqui até me dizer tudo o que quero saber". 




PESSOAL, PEÇO A VOCÊS QUE SEMPRE LEIAM AS NOTAS FINAIS, POIS É NELAS QUE DOU TODAS AS EXPLICAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO, PRÓXIMA POSTAGENS, ETC. PORTANTO, JÁ DEIXO CLARO QUE NÃO RESPONDEREI A NENHUMA PERGUNTA SOBRE O QUE EU JÁ TIVER DITO AQUI. 


Uau! Que tenso, hein? Como vocês imaginam que será esse conflito? Se eu escrever sobre ele, não será no próximo capítulo, ok? Como eu disse, estou escrevendo outtakes aleatórias, então elas não vão seguir uma ordem cronológica como as outras histórias. Ou seja, na próxima teremos outro personagem dando sua versão dos fatos. E não, não será Gideon ou Eva. Meu foco será, essencialmente, os personagens secundários.

E aí? Devo continuar escrevendo mesmo? O que vocês acharam? Me deixem saber nos comentários!

Grande beijo e até a próxima!

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2 comentários:

Unknown disse...

Nossa foi muito intenso mais adorei a versão do padrasto dele....

Unknown disse...

Olá Tammy. Poderia me explicar porque motivo não consigo ler nada do que é postado? Parece bloqueado e simplesmente aparece o resumo do que foi escrito